A ex-militante Irmtraut Hollitzer mostra foto de passeatas realizadas em Leipzig (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
O jeito tímido e a voz baixa não revelam de cara que a alemã Irmtraut Hollitzer, de 66 anos, foi uma ex-militante.
Ela participou de movimentos pacíficos que culminaram com a derrubada do Muro de Berlim, em 1989.
A Alemanha e o mundo começam nesta semana as comemorações dos 20 anos da queda do muro, que marcou a reunificação alemã e o fim da Guerra Fria.
Em agosto de 1961, quando a barreira começou a ser erguida, Irmtraut recebeu um ultimato. “Tive três horas para decidir se ficava no lado ocidental ou se voltava para casa (no Leste)."
Então com 18 anos, Irmtraut tinha ido com o irmão de 13 visitar outros dois irmãos que tinham fugido de casa, indo morar em Berlim Ocidental. O território fazia parte da República Federal da Alemanha (RFA), de regime capitalista. No lado leste, onde a alemã vivia com o resto da família, vigorava o comunismo da República Democrática Alemã (RDA), do qual muitos habitantes queriam escapar.
Então com 18 anos, Irmtraut tinha ido com o irmão de 13 visitar outros dois irmãos que tinham fugido de casa, indo morar em Berlim Ocidental. O território fazia parte da República Federal da Alemanha (RFA), de regime capitalista. No lado leste, onde a alemã vivia com o resto da família, vigorava o comunismo da República Democrática Alemã (RDA), do qual muitos habitantes queriam escapar.
Com o fechamento das fronteiras, ficou complicado cruzar o país sem prévia permissão. Irmtraut lembra que aquele foi um momento muito difícil. “Resolvi voltar para a RDA porque meus pais não iam agüentar. Minha mãe viu no trem que estávamos ali e, quando me abraçou, percebi que fiz a escolha certa”.
Rezas de paz
Irmtraut fala em praça de Leipzig onde ocorriam as rezas de paz (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
Hoje dona de casa e mãe de quatro filhos, ela continua morando na pequena cidade de Leipzig. Já foi cantora lírica, mas o que marcou mesmo seu passado foi a luta por mais liberdade. As primeiras manifestações contra a divisão da Alemanha e a repressão da RDA começaram em Leipzig e, meses depois, se espalharam pelo país.
Em 1982, segundo Irmtraut, pessoas se reuniam nas igrejas de Leipzig para as chamadas “rezas de paz”. “Era um movimento pelo desarmamento”, explica. O mundo vivia ainda a tensão da Guerra Fria. A ex-militante conta que, ao longo dos anos, as rezas ganharam força, culminando com as passeatas de 1989, que agora pediam a queda do muro e mais democracia na Alemanha Oriental.
Multidões tomavam conta das pequenas ruas de Leipzig, passando pela Praça Karl Marx, hoje batizada Praça Augustus. De acordo com a ex-militante, a cada manifestação era reunido um número maior de pessoas. Para ela, uma das mais significativas ocorreu em 9 de outubro de 1989, exatamente um mês antes de o Muro de Berlim ser derrubado.
O protesto mobilizou cerca de 70 mil pessoas. “O Estado se preparou para enfrentar isso. O chefe da Stasi (a polícia da RDA) pediu 3 mil cacetetes, mas só conseguiu 800. Às vezes, a escassez da RDA tinha seu lado bom”, diz, rindo.
Em 1982, segundo Irmtraut, pessoas se reuniam nas igrejas de Leipzig para as chamadas “rezas de paz”. “Era um movimento pelo desarmamento”, explica. O mundo vivia ainda a tensão da Guerra Fria. A ex-militante conta que, ao longo dos anos, as rezas ganharam força, culminando com as passeatas de 1989, que agora pediam a queda do muro e mais democracia na Alemanha Oriental.
Multidões tomavam conta das pequenas ruas de Leipzig, passando pela Praça Karl Marx, hoje batizada Praça Augustus. De acordo com a ex-militante, a cada manifestação era reunido um número maior de pessoas. Para ela, uma das mais significativas ocorreu em 9 de outubro de 1989, exatamente um mês antes de o Muro de Berlim ser derrubado.
O protesto mobilizou cerca de 70 mil pessoas. “O Estado se preparou para enfrentar isso. O chefe da Stasi (a polícia da RDA) pediu 3 mil cacetetes, mas só conseguiu 800. Às vezes, a escassez da RDA tinha seu lado bom”, diz, rindo.
Irmtraut guarda fotos dos movimentos em um álbum. Aponta para a passeata em que esteve, diz que o povo não queria violência. “Foi um milagre. Ninguém tinha uma pedra sequer na mão. Então, a polícia não teve como reagir”.
Queda do Muro
Após 28 anos, as fronteiras foram oficialmente abertas entre a RFA e a RDA, e o Muro de Berlim caiu. “Não podia acreditar no que estava vendo”, diz a senhora de cabelos grisalhos. No dia seguinte, correu com a filha porque queria que ela conhecesse o lado ocidental do país.
E muita gente teve a mesma ideia. “Fiquei 8h na fila porque achava que precisava de visto. Só que não precisava mais”. Antes um sonho para ela, a reunificação virou realidade. “É a coisa mais linda e fico feliz em ter contribuído um pouco para isso”, afirma a alemã que sempre viveu em Leipzig.
o europeu eh bafo, arrasam !!
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