domingo, 14 de dezembro de 2008

historia: perucas

Se hoje a peruca é vista com preconceito, ela já foi sinal de status. Sucesso nas festas à fantasia de hoje, elas nem sempre foram popularmente usadas como deboche. Antigamente, eram sinônimo de elegância, estilo e prestígio.

Do Egito Antigo ao seu auge, nos séculos XVI e XVII, o preparo dos fios postiços deu à profissão de peruqueiro uma reputação única. E, pelo alto valor e raridade dos fios naturais, muitas perucas eram feitas com crina de cavalo e de bode.

As perucas surgiram por necessidade de se proteger do frio e por questões higiênicas. Os egípcios eram especialistas em fazer cabelos falsos, tanto para homens como para mulheres. Assim como os turbantes, eles deixavam a cabeça fresca, protegendo-a do sol. Para usá-las, os cabelos deveriam ser curtos ou raspados. Geralmente, o topo era feito de cabelos encaracolados, e as laterais, de um conjunto de plantas. Quem não podia pagar por um cabelo de verdade, usava lã.

No tempo dos romanos, a peruca ficou famosa principalmente entre as mulheres - era um jeito fácil de ser loira, algo desejável numa terra de morenas. Depois disso, não há registros de uso de perucas até o final do século XVI.

A era de ouro da falsa cabeleira

O ano de 1660 é conhecido pela popularização da peruca, como escreveram Katherine Lester e Bess Oerke, em "Accessories of Dress". Antes, Luis XIII, rei da França, usava perucas de cabelos naturais. Seu sucessor, Luis XIV, era famoso por sua cabeleira farta, mas teve que adotar a peruca quando ficou calvo, aos 32 anos. Na Inglaterra, o rei Carlos II sempre foi adepto da peruca, primeiro de cor preta e depois marrom. Prestigiada na cabeça da nobreza, ela se tornou um dos acessórios mais importantes do estilo masculino da época.
Sua popularização levou a uma enorme procura por cabelos naturais, que ficaram caros. Há histórias, inclusive, de crianças achadas sozinhas nas ruas que tinham seus cabelos cortados. A alta dos preços fez com que se popularizassem perucas de crinas de bode e de cavalo ou de fibra vegetal. Era comum também que viessem polvilhadas com pó branco.

Os peruqueiros se tornaram célebres, e sua atividade ganhou status de arte. Diz-se que o rei francês Luis XV tinha a seu dispor 40 peruqueiros. Foi durante seu reinado que a peruca ganhou um laço de fita de seda na altura da nuca.

Nesse período, a peruca era o orgulho do homem, e um cavalheiro distinto não poderia aparecer em publico sem a sua. A falta dela, em algumas classes sociais, era considerada até ofensiva.

Parte da igreja questionava e até abominava o uso da peruca. Em 1690, Jean-Baptiste Thiers, padre de Champrond, na França, publicou por sua conta um livro de 550 páginas chamdo "História da peruca", em que detonava quem a usava. A obra virou uma Bíblia para os que queriam agredir a peruca.

Roubos nos EUA

A moda das perucas chegou aos Estados Unidos por volta de 1675, entre os mais ricos, que tinham o costume de raspar a cabeça. O preço era caro, e isso gerou uma onda de ladrões de peruca, que eram conhecidos por levarem a cabeleira falsa no meio de multidões e deixarem os homens carecas. Muitos políticos puritanos protestaram contra as perucas, que chamavam de ‘moita de vaidade’.

Em 1700, as perucas passaram a adornar não só as cabeças de norte-americanos ricos, mas também de serventes, militares e comerciantes. Eles podiam escolher entre vários estilos: compridos, curtos, com cabelos enrolados ou rabo-de-cavalo.

Declínio

A Revolução Francesa, em 1789, deu o golpe final no uso geral e costumeiro das perucas, que entrou em declínio e saiu de moda - a simplicidade dominou o período. Mais tarde, a peruca até foi usada, mas não de maneira tão popular. Hoje, ela permanece em algumas ocasiões formais. Um exemplo são os tribunais criminais da Inglaterra.

Em 2007, o lorde Phillips of Worth Matravers disse que as perucas, usadas por profissionais britânicos da área jurídica desde o século XVII, não seriam mais necessárias em casos civis ou de família - apenas em tribunais criminais. Uma pesquisa realizada em 2003 indicou que mais de dois terços dos entrevistados queriam eliminar as perucas em casos civis.

Críticos das perucas classificam-nas como anacrônicas, assim como desconfortáveis e caras. Uma peruca para uso em tribunais, na altura do ombro, chega a custar mais de US$ 3 mil - cerca de R$ 7 mil.

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